sexta-feira, 16 de janeiro de 2015

Estão separados há anos, uns 15 anos talvez. O divórcio foi até que tranquilo. Ambos sabiam que era o melhor a ser feito, que morra o amor, mas nunca o respeito. Muitas experiências românticas, muito mais por parte dele do que dela, outras histórias para contar e lamentar. Engraçado que, mesmo sendo mais recentes, não marcaram tanto quanto a história que eles construíram juntos. Talvez por terem experimentado juntos o primeiro sexo com amor, casamento, a primeira viagem como casal, filhos, netos, brigas e até o próprio divórcio. Muitas pessoas e vivências, não tem como simplesmente virar a página e seguir. A gente sempre revisita o passado, muito mais as boas lembranças do que nas más, é bem verdade, mas sempre adentramos esse portal. Uns dizem que faz bem, outros alegam que faz muito mal, eu não tenho uma posição clara só sei que de vez em quando eu vou lá remexê-lo. E há de anos, eles tem um lindo ritual: toda sexta-feira ele sai de Santo André e vai até Pinheiros para almoçar com ela, papeiam a tarde toda, falam da falta d´água na capital, do neto que entrou no 2º ano, do carro da filha que sempre quebra e claro, ela vive azucrinando porque o time dele tá sempre na 2ª divisão. É um momento tão bonito, íntimo e necessário a ambos, que ninguém mais pergunta por que não voltam a morar junto. Quando alguém se arrisca, ele sempre diz que talvez eles não tivessem tanto prazer em estarem juntos quanto tem agora. Acredito que a saudade é o tempero que faltava para que eles ficassem juntos. Às vezes precisamos estar longe, sentir o cheiro mesmo sendo impossível, sabe aquela saudade que dói o peito e sobe um nó na garganta enquanto as lágrimas se juntam no canto dos olhos? Tem gente que precisa da sensação de “perder” presente para viver plenamente um amor, uma história. Cada um tem seu jeito de amar e demonstrar, uns de forma exagerada e outras de forma quase imperceptível, e a gente vai se descobrindo e descobrindo o outro, vamos tateando, olhando pela fresta da porta, tentando ler o olhar, o importante é nunca cessar essa busca pelo bem querer mútuo. Sampa 20/10/14

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