terça-feira, 5 de novembro de 2013

Saudades de mim Oi tudo bem? Quanto tempo já faz desde que conversamos da última vez. Meu Deus quanta coisas aconteceram e nem te contei! É engraçado, mas sempre sentimos o peso da saudade quando vemos uma foto ou esbarramos com alguém né? Lembra como te falava das minhas coisas? Meus medos, meus sonhos, minhas frustrações? Como a gente ria no final de tudo, lembra? E quantas broncas você me deu nessa vida! Quando tinha medo, você me encorajava e falava que era para seguir em frente sem receios. Que os problemas e os percalços não eram tão grandes quanto eu imaginava. Que no final eu iria ficar muito feliz por ter enfrentado e não me escondido. Sinto falta dos nossos papos, de como me sentia depois deles. Ainda me recordo de como você me ajudou quando tive minha primeira crise, você se lembra? Deve ter uns 3 anos, como passa rápido não? Foi nesse período que estreitamos nossa amizade. Já éramos intimas, mas foi a partir da crise, que nos unimos mais. Engraçado como a dor tem o dom de juntar pessoas não? Nesse momento que me sentia tão frágil, você foi meu porto seguro, minha base sólida onde pude apoiar, jogar meu peso quando não conseguia mais aguentar. Foi em você que depositei meus medos e onde pude me refugiar até o medo passar. Você me acompanhou em cada momento, cada dia de temor e cada noite insone. Sempre me dando a mão ora pra me levantar, ora pra se fazer presente e apenas me dar segurança. Meu caminhar com você é muito mais tranquilo, claro que ainda tenho minhas neuras e pequenas crises, mas hoje estou mais centrada, serena sei lá. Acho que mesmo hoje um tanto distante, suas lições e palavras ainda se fazem presente. Por que você se afastou? O que aconteceu? Tirou apenas umas férias para merecido descanso ou está me deixando caminhar sozinha para firmar minhas pernas? Sinto saudades de mim!!! Volte em breve!!! cida 09/10/13
1-Dúvida E se minha fé faltar? E se minhas forças não forem suficientes? E se meu corpo se curvar de cansaço? E se minhas pernas não aguentarem caminhar? E se meu ânimo sair para dar uma volta e se perder de mim? E se minha esperança adormecer? E se meu olhar não conseguir mais ter o brilho que sempre teve? E se minha voz enrouquecer e perder sua imposição firme? E se nada mais restar a não ser a vontade de desistir? Talvez seja a exata hora de mudar meus conceitos, padrões, sonhos e certezas. Talvez seja hora de ir contra tudo o que sempre achei certo. Talvez seja preciso nadar em outros mares e seguir outras direções. Talvez seja o momento de mudar o tom da voz, de cantar outras canções. Talvez agora deva perceber que desistir não é algo ruim, é apenas uma forma de mudar o rumo de algo que não me faz mais bem. Talvez beber de outras fontes e comer outros frutos. Talvez escolher outras cores, outras roupas e outros sons. Talvez seja necessário rever minha fé e mudar o santo que sou devota. Talvez meu olhar precise ver novas paisagens e pessoas. Talvez precise tirar os pesos das costas, endireitar meus ombros e seguir mais leve. Talvez seja bom duvidar e se questionar sobre tudo e todos, e se for apenas assim que conseguiremos caminhar com mais firmeza para quem e para o que nos faça mais felizes? cida 09/10/13
2. Ser mágico E era um sorriso tranquilo nos lábios, o olhar brilhava feito luz de lampião, e havia serenidade nos gestos. Seu corpo emanava um calor suave, sua pele tinha um aroma amadeirado e seus cabelos cheiravam a jasmim. Seus cabelos eram lisos e negros como as noites que antecedem os dias de tempestade. Sua pele tinha a mesma cor da canela. Seu olhar hipnotizava pela forma profunda que parecia atravessar a alma. Quem era ela? Iemanjá talvez? Ou seria uma fada desses contos encantados que ouvimos quando crianças? Seria uma princesa africana que fugiu da sua tribo por não querer casar com o príncipe? Talvez eles não entendessem sua forma de amar e ela teve que fugir e, acabou por cair aqui na minha realidade. Entre tantas pessoas, foi no meu caminho que ela tropeçou. Agora vou tentando descobrir como cuidar desse ser mágico. Ela não veio com manual, mas vou tateando o caminho para achar seus segredos, gostos e angústias. Não sei se conseguirei encantá-la por muito tempo, apenas sei que não posso mais ficar longe de sua luz. Cida 07/10/13
1. Insônia Caminhando por ruas quase vazias, sujas e com seus odores peculiares, vejo no chão o reflexo da lua. Ouço buzinas, alguém xingando, o bêbado reclamando do governo, uma prostituta brigando com sua concorrente. São tantos os barulhos e cores nessas ruas de Sampa. É um emaranhado de sons, cores, luzes, nem todos bonitos, às vezes, tudo se torna muito confuso como carreteis de linhas que se enroscam e nunca achamos suas pontas. Caminho pelas calçadas, tentando desviar das poças que a garoa noturna formou. Subindo por ladeiras, virando em ruas ermas vou tentando achar o rumo do meu pensamento, como se estivesse à procura de alguém. Ouço uma sirene ao longe, ela me desperta dos devaneios que não me deixam dormir. Melhor voltar para casa, ligar a tv baixinho e deixar as luzes apagadas, quem sabe meu corpo cansado de tanto caminhar, resolve finalmente dormir. Tiro meus sapatos encharcados pela famosa garoa de Sampa, me desfaço das roupas molhadas, entro no banheiro e resolvo tomar um banho. Dizem que o banho relaxa e ajuda na briga contra a insônia, resolvo confirmar se é verdade. De fato me sinto mais cansada, vou até a cozinha preparar um chá de camomila. Me sento no sofá com meu novo aliado. Sinto meu corpo pesado, a cabeça um pouco tonta de tanto girar em diversas direções. Repouso meu corpo no sofá perto da janela. Os pingos da garoa fazem desenhos no vidro, é engraçado ver a lua através dele. Meus pensamentos vão aos poucos se acalmando, como se desacelerassem. Sinto minha respiração ficar pesada, o corpo ficando como em câmera lenta. Vou me ajeitando no sofá, arrumando as almofadas para ficar mais confortável, pego a manta jogada na poltrona ao lado e faço dela meu cobertor. Não consigo mais pensar de forma ordenada, sinto que ainda luto contra om sono mas, parece que vou perdendo aos poucos essa batalha. Então sinto meu corpo ser enlaçado por Morfeu, dançamos como em um balé, dois pra lá dois pra cá. Ele me abraça mais forte e meu corpo segue seu gingado leve e malicioso. Sinto como se estivesse deitada em nuvens. Um sorriso de alívio brotas em minha boca. Agora poderei me livrar das agitações e maus pensamentos do dia, irei apenas desligar por algumas horas e amanhã estarei nova e mais animada. TRRRRRIIIIIIIIIIIIIIMMMMMMMMMMMMMM Acabou a dança, Morfeu solta meu corpo e despenco das nuvens. Mais uma noite mal dormida. Cida 07/10/13
Das coisas que vi e vivi. É raro encontrar morangos doces! A cerveja só está muuuiiito gelada quando é inverno. Seu ex, por quem você tanto chorou e que era o grande amor da sua vida, só vai dar sinal de vida um dia depois que você resolveu assumir um novo namoro. Seu ex que você quer distancia, vai te ligar sempre e mandar mensagens todos os dias. Voce vai esquecer os nomes dos seus melhores amigos da adolescência. O que era importante aos 20, deixa de ser aos 30. O que você nem imaginava dar importância algum dia, aos 35 será sua prioridade. É indispensável para sua saúde mental parar 15 minutos por dia e esquecer de tudo e de todos nesses momentos. A beleza muda de forma e contexto. As rugas vão aparecer no seu rosto, mas você vai notar que seu olhar adquiriu uma beleza diferente e uma profundidade misteriosa. Sua autoconfiança parece que faz academia 5 vezes por semana, de tão forte. Ao menos perto do que era aos 20. Seus medos mudam de lugar, tomam formas diferentes, se tornam mais intangíveis. Mas perdem a força. Seu sorriso pode não ser tão corriqueiro, mas com certeza tem muito mais segurança. Sua tolerância se alarga, se torna mais abrangente, como se a gente percebesse que não vale a pena lutar por tudo, entrar em cada briga que a vida joga no nosso colo. A gente aprende que respirar profundamente e expirar devagar, alivia sim a tensão e nos impede de fazer uma besteira. As prioridades mudam, nosso foco fica mais centrado, aprendemos a ouvir nossa respiração, acho que o mais interessante é que aprendemos a não dar tanta importância a tudo e a todos, a gente acaba, meio que a força, a selecionar melhor cada coisinha, cada pessoa. Não deixamos qualquer uma adentrar nossa vida. Pedimos e analisamos o currículo antes. Saquei que o lance é viver cada dia, aproveitar o que ela te traz, sem ficar pensando como seria melhor se estivéssemos na praia, se nosso salário fosse maior, se nosso chefe evaporasse ou se nossa casa tivesse piscina aquecida. Também não é se conformar e deixar de lutar porque é trabalhoso e difícil, muito pelo contrário! É apenas ter a sabedoria de saber o que podemos lutar e como podemos aproveitar o que temos hoje. Cida 13/09/13
E o que seria da vida sem os pequenos caprichos? Sem o banho de chuva em plena terça feira na Paulista? A cerveja irlandesa que custa caro, mas que é deliciosa, aos sábados à tarde? O criado mudo em pátina antigo que destoa de todo o resto, mas que dá um charme todo especial ao seu quarto? A comida mexicana para brindar à sexta tão esperada? O tênis customizado que você simplesmente se apaixonou quando viu? A atitude de se negar a atende o telefone quando assiste a um filme? Parar cinco minutos na correria do seu dia tão atribulado, para ouvir sua música favorita? Deixar o celular no silencioso na hora do almoço, mesmo vendo que seu chefe liga insistentemente? Afinal ele tem que aprender a respeitar horários, certo? Comer mais um pedaço de torta de chocolate mesmo sabendo que está fugindo do seu regime? A vida é tão repleta de deveres, de responsabilidades e espera tanto de nós, se não formos nós a dar um colorido, uma leveza e um toque de sensibilidade, seremos tragados pelo que esperam e exigem da gente. Seremos engolidos pelo mundo e não viveremos plenamente nossa vida. Vai ficar um gosto de “não vivi” na boca. E ele tende a ser amargo. Cabe a nós dizer não, sim, talvez de acordo com o que de fato queremos. Se não fizermos isso, sempre haverá alguém pra fazê-lo e, com quase toda certeza do mundo, não iremos gostar do resultado. Cida 13/09/13
E olha em volta para ver se as coisas ainda estão nos seus devidos lugares. Sente o aroma que vem da sua xícara de café fresco, a fumaça embaça seus óculos. Fecha os olhos e respira fundo, tenta se lembrar de quando tudo começou a sair dos eixos. O sol vai perdendo sua cor aos poucos, mas ainda sente seu calor. Pensa que é exatamente assim que está se sentindo, a sua cor está perdendo o brilho e o calor do corpo de quem partiu ainda está ao seu lado, mas a cada minuto vai perdendo sua intensidade. É como se ela fosse se desprendendo aos poucos de tudo o que um dia era eterno. “E o pra sempre, sempre acaba”. A ilusão do “juntos para sempre” tem um sabor doce no primeiro gole, mas agora sente todo o amargor que traz. Então é assim que acaba? Acorda um dia e percebe que tudo está estranho e deslocado, como se as peças que antes se encaixavam com perfeição, agora se descobrem não mais afins. Fecha os olhos novamente, agora sente uma lágrima descer devagarinho pelo rosto. Tem sabor de despedida, de nunca mais. O café esfria na xícara presa em suas mãos. Sua alma flutua em algum lugar desconhecido. Seus pensamentos vagueiam no passado, hoje um pretérito imperfeito. Cida 13/09/13