sinto frio, a distância que parece nos rondar acaba me dando frio. as palavras cessaram, as cartas de amor não chegam e nem são mais enviadas, os pequenos gestos de delicadeza se perderam em algum lugar. tudo parece embaçado como a janela em dia de chuva. nessa noite longa e vazia de calor, me pego relembrando os bons, mas velhos momentos. lembro com carinho e sinto frio. penso o rumo tomado, o caminho percorrido terá nos distanciado? em qual momento exatamente? por que nossas mãos não se tocam mais e aquele calor gostoso deixou de percorrer nossos corpos? frio. a chuva bate no meu rosto enquanto ando por essas ruas escuras e cheias de água empossada, revendo meu curto passado e programando meu longo futuro.

amor será sentimento fora de moda?

tenho a impressão das pessoas não se importarem mais com o amor, não falo de tesão, sexo e beijos dados em qualquer pessoa que tenha língua, falo do tremelique que dá quando se olha pra alguém, do cuidado em chegar nesse alguém pra não correr o risco de afastá-lo. Não falo sobre o amor atual que anda tão vulgarizado, as pessoas amam amores descartáveis porque não há cuidado, não há o encantamento necessário. Tudo se tornou prático demais, tudo é rápido demais, e da mesma forma veloz que começa, acaba. As pessoas dizem eu te amo com a mesma facilidade que xingam o cara do carro da frente que deu uma fechada. Quando surge a primeira discussão, já rompem, já acabam com o grande e verdadeiro amor que alardeavam por aí. Amor é admiração, tolerância, bom humor, respeito e muito cuidado. Amor é mimar, é ser verdadeiro, mesmo quando devemos criticar o ser alvo desse nobre sentimento. O amor nasce devagar, ele é como uma semente de linda flor, há de se colocar a terra ideal, a água na temperatura certa, o adubo necessário e a exposição ao sol adequada. As pessoas não são copos plásticos para serem tratadas como sendo descartáveis, como peças de automóvel que são substituíveis. As pessoas são únicas e humanamente cheias de defeitos e qualidades. Para dizer eu te amo, tem que sentir as borboletas no estômago e usar óculos pra enxergar o ser amado.

ps: esse texto é oferecido a uma doce amiga: Isabel